30 de outubro de 2007
22 de outubro de 2007
Preguiça
O que move a Humanidade
Existem muitas teorias sobre o que fez o Homem dominar o planeta e construir civilizações - enquanto o joão-de-barro, por exemplo, só consegue construir conjugados - e levar grandes mulheres para a cama - enquanto o máximo que um gorila conseguiu foi segurar a mão da Sigourney Weaver. Dizem que o cavalo é mais bonito do que o Homem e que a barata é mais resistente, mas não há notícia de uma fuga a três vozes composta por um cavalo ou uma liga de aço inventada por uma barata. Tudo se deveria ao fato de uma linhagem particular de macacos ter desenvolvido o dedão opositor, com o qual conseguiu descascar uma banana e segurar um tacape, as condições primordiais para dominar o mundo. A vaidade, outra característica exclusivamente humana (o pavão também é vaidoso, mas não gasta uma fortuna com as penas dos outros para fazer sua cauda), também teria contribuído para que o Homem prevalecesse, pois de nada lhe adiantariam suas façanhas com o polegar, e com as mulheres, se não pudesse contar depois. Daí nasceu a linguagem, e com ela a mentira, e o Homem estava feito.
Mas eu acho que a verdadeira força motriz do desenvolvimento humano, a razão da superioridade e do sucesso do Homem, foi a preguiça. Com a possível exceção da própria preguiça, nenhum outro animal é tão preguiçoso quanto o Homem. O desenvolvimento do dedão opositor nasceu da preguiça de combinar dentes e garras para comer e ainda ter que limpar os farelos do peito depois. A linguagem é fruto da preguiça de roncar, grunhir, pular e bater no peito para se comunicar com os outros e, mesmo, ninguém agüentava mais mímica. A técnica é fruto da preguiça. O que são o estilingue, a flecha e a lança senão maneiras de não precisar ir lá e esgoelar a caça ou um semelhante com as mãos, arriscando-se a levar a pior e perder a viagem? No que estaria pensando o inventor da roda senão no eventual desenvolvimento da charrete, que, atrelada a um animal menos preguiçoso do que ele, o levaria a toda parte sem que ele precisasse correr ou caminhar? Dizem que a agressividade e o gosto pela guerra determinaram o avanço científico da humanidade e se é verdade que a maioria das invenções modernas nasceu da necessidade militar, também é verdade que o objetivo de cada nova arma era o de diminuir o esforço necessário para matar os outros. O produto supremo da ciência militar, o foguete intercontinental com ogivas nucleares múltiplas, é uma obra-prima da preguiça aplicada: apertando-se um único botão se matam milhões de outros sem sair da poltrona. Uma combinação perfeita do instinto assassino e do comodismo. A apoteose do dedão.
Toda a história das telecomunicações, desde os tambores tribais e seus códigos primitivos até os sinais de TV e a internet, se deve ao desejo humano de enviar a mensagem em vez de ir entregá-la pessoalmente ou mandar um guri resmungão. A fome de riqueza e poder do Homem não passa da vontade de poder mandar outros fazerem o que ele tem preguiça de fazer, seja trazer os seus chinelos ou construir as suas pirâmides. A química moderna é filha da alquimia, que era a tentativa de ter o ouro sem ter que procurá-lo ou trabalhar para merecê-lo. A física e a filosofia são produtos da contemplação, que é um subproduto da indolência e uma alternativa para a sesta. A grande arte também se deve à preguiça. Não por acaso, a que é considerada a maior realização da melhor época da arte ocidental, o teto da Capela Sistina, foi feita pelo Michelangelo deitado. Proust escreveu o Em Busca do Tempo Perdido deitado. Vá lá, recostado. As duas maiores invenções contemporâneas, depois do antibiótico e do microchip, que são a escada rolante e o manobrista, devem sua existência à preguiça. E não vamos nem falar no controle remoto.
(Se você não desistiu na segunda linha e leu até aqui, é porque não tem preguiça. Conheço o seu tipo. É gente como você que causa os problemas do mundo. São vocês que descobrem quando o autor está com preguiça e reaproveita um texto antigo. E isso não é humano!)
17 de outubro de 2007
Essa semana ganhei o posto de babá. Todo ano meus pais passam 8 dias fora, de férias. Nos outros anos, em função de eu trabalhar fora minha tia ficava aqui em casa, mas desta vez tive que assumir a responsabilidade pelo meu irmão, um guri de 11 anos muito difícil de domar, além da Pandora e do Baltazar.
O fato de ficar a semana infurnada em casa já é algo que me deprime. Hoje até foi menos pior, porque fui nadar cedo: às 7:15! Motivo de comentários explícitos lá na piscina
– O primeiro horário e ainda adiantada!
Mal sabiam que eu acordei às 6h por causa do colégio do Gabi.
Fazer almoço, lembrar de colocar o lixo pra rua, de observar se todas as portas e janelas estão fechadas, bom, tudo isso até é tranqüilo, o que não ta dando pra agüentar é o Baltazar e a Pandora visivelmente deprimidos.
A Pandora ta passando boa parte do dia dormindo, com um olhar desconsolável, anda latindo bem menos, e isso que dou comida religiosamente 3 vezes ao dia. Nos finais de semana quando meus pais não estão ela em protesto só come quando eles voltam, dessa vez o tempo é maior, então não dá pra ela fazer isso, porém a cara triste me atinge violentamente.
Já o sr. Baltazar cantou pouco, quase nada. O som que mais emitiu foi a imitação do toque do telefone, sim, ele faz igualzinho, meu primo chegou a comentar que não sabe quem atender primeiro, o Balta ou o telefone. Fui até ele assobiar um pouco, pra estimulá-lo, consegui arrancar alguns minutos de som, o hino do Grêmio. Já me fez feliz.
Me impressiona a sensibilidade dos bichos, a saudade que sentem da gente, o espírito familiar. Bom...sei lá, só um desabafo que não consegui deter...
9 de outubro de 2007
40 anos sem Che
4 de outubro de 2007
Desobediência civil
Sábado fui na atividade sobre Cultura Livre. Bah, foi super bom, aprendi um monte de coisas. Um dos pontos que me chamou mais atenção foi o termo “desobediência civil”, usado para falar do comportamento das pessoas em comprar CDs e DVDs pirata. Refleti um pouco, e acho que não só é um desacato, um protesto desorganizado, mas uma lógica simples: pra que pagar caro se posso conseguir a mesma coisas por preço bem menor?!
Esse é um longo debate, e aí entra a Cultura Livre, o Creative Commons, a idéia de seja criativo, crie algo a partir do que já existe, acabe com os intermediários...são muitas as coisas que ouvi por lá e que preciso me aprofundar mais.
No domingo fui à Feira do Livro de Novo Hamburgo, após uma tarde agradável com amigos e chimarrão fui conferir o preço dos livros, tudo um absurdo de tão caro. Eu aguardo faz algum tempo pra me dar de presente as “Comédias das Vida Privada”, fui olhar o preço na feira, e “O melhor das Comédias da Vida Privada”, ou seja, o melhor que é apenas o resumo, estava por nada mais nada menos do que R$ 37,00. Sem condições! Acabei comprando um livro de bolso, pois era o que cabia no meu bolso ($).
Saí da feira profundamente decepcionada, pois embora as bancas apresentem livros para todos os gostos como anuncia a manchete do jornal de hoje, poucos livros sairão da feira e ganharão vida na imaginação das pessoas. Será que o os altos preços querem conservar o direito à cultura, o conhecimento, o entretenimento para uns poucos?